Poesia

Sinto que vou morrer.

Sinto que vou morrer.
A morte, sempre calma, de longe me observa.
Tem a certeza de que cedo ou tarde
irá executar seu ofício.
O morrer é inexorável,
indelicado, desiludido.
Até mesmo as estrelas,
em suas grandezas no infinito,
terão o fim como certo fado.
Transformar-se-á em escuro
seu ilustre brilho.
Sinto que vou morrer.
E a minha alma, vil e degradada,
a cada manhã que nasce ensolarada,
apunhala-me pelas costas
e colhe as mais belas flores
que me seguirão noutra vida.
Sinto que não vou mais viver.
Por certo, isso não me deixa triste,
pois faz de mim nascer palavras.
Dispenso, à dona das últimas horas,
os meus préstimos e longos aplausos,
porquanto ela leva minha inferioridade embora,
bem como minha incapacidade para entender se quer o nada.
À noite a morte se torna mais viva.
Se os meus olhos a ver, passando pela rua infinita,
não choram.
São exatos, calmos...
pois sabem que basta nascer
para ter que deixar está vida.
Mesmo sabendo que não mereço,
rogo-lhe que não me leve com dor.
Que o passar seja rápido.
Como a pólvora quando atinge o hipotálamo.
Não quero sentir sangue em meus lábios.
Quero somente ver, nos últimos instantes do fim anunciado,
Teus olhos tão queridos que em mim serão eternizados
e ter o perdão de Deus,
diante do meu peito inválido,
para todos os meus Pecados.

Luís Carlos Luís Carlos Autor
Envie por e-mail
Denuncie