Poesia

A luz dos meninos

Meninos são crentes
têm alma de fogo e corpo ingênuo
e bicos ferinos e penas de cera
e coragem de sobra. Meninos são feras,
[são de brincadeiras e não de brinquedos]

Meninos carregam meninas nos olhos
e fogo na língua e pedras nas mãos
e só obedecem ao comando das ruas
e à voz de veludo das suas mamães. São bichos, são
livres,
com asas nas pernas e sonhos velozes,
conversam com o vento, confiam uns nos outros
mas são donos da venta

Meninos são frágeis, são homens quebráveis,
não os virem pra baixo. Não podem ter fome, não podem
ter armas, senão eles crescem e desaparecem.
Meninos são filhos de gerações - e não só de casais.
São primos, irmãos, na faixa de gaza, na bala que os acha,
na infância perdida, na escola da vida, da morte,
dos morros daqui, dacolá, do além do além mar,
bem além do alemão.

São todos rebentos, chocados no ninho
do nosso jardim. Cuidado com a chuva, cuidado
com o vento, não os deixem no frio,
embalemos os filhos, são ossos do ofício,
quer queiram, quer não, os filhos são nossos.
Cuidado, cuidado! Rezai o pai nosso!

Meninos, meninos,
inocentes, ferinos, atrevidos pequenos, soltos,
serenos, felizes, são luzes, são gases, fugazes.
Façamos as pazes com os nossos destinos

Meninos, meninos, que bem
que nos fazem!














Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
Envie por e-mail
Denuncie