Poesia

Estrelas em brasa.

[ELA]
Seu rosto enfurecido,
O meu adormecido,
Lembro de abrir os olhos,
E vê-lo.

Você gritou comigo,
Achei que meus ouvidos explodiriam,
Que minhas mãos que te tocaram,
Cairiam.

Puxei sua camiseta,
Socaste o travesseiro,
Esmagaste meu planeta,
Fechei os olhos em desespero.

Que queres mais de mim,
Gritei em meio à fúria,
Entreguei-lhe as estrelas,
As nuvens e até os cometas!

[ELE]
Mas não partiste a lua,
Pegaste só para ti,
Fez dela só tua,
Fez bem debaixo dos meus olhos, ela sumir.

[ELA]
Queime-me então, Sol!
Queima minha'lma.
Faça me estar em brasas!
Aquecida para então ser queimada.

[ELE]
Por acaso, não aqueceste-me também?
És tão grandiosa,
Que fizeste o Sol caber em ti.

[ELA]
E logo que me aqueceu,
Me queimou,
Esmagadora bola de fogo,
Se fui tão grandiosa, reduzida a um punhado de cinzas agora sou.

[ELE]
És fenix,
Morre e revive,
Não é possível matar fogo,
Ainda queimando estou.

[ELA]
Engoliste todas as minhas
Estrelas,
Luzes
E cometas.
És buraco negro,
Engolidor de vida,
Disposto a matar,
Para viver.

[ELE]
Ainda assim,
Ainda te possuo,
Estás no meu peito,
No meio da escuridão.

[ELA]
Quero viver na luz.
Não és mais Sol,
Tu te apagaste,
Com tua escuridão.

[ELE]
Mas é na escuridão,
Que as estrelas vivem,
Teu lugar é no céu.

[ELA]
Estás enganado,
Estrelas também vivem na luz,
Só não brilham mais como antes,
Quero sobreviver,
Antes que a escuridão me encubra,
E assim,
Antes de mais nada,
Eu suma.
Melhor estrela apagada do que
Estrela morta e enterrada.

Eduarda Suily Eduarda Suily Autor
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