Às margens do Amazonas...
Às margens do maior rio do mundo, cujas águas beijam a sua terra, sua Macapá.
Terra de povo fidedigno, de alma cativante, assim se resume
Cidade inspiradora, repleta de gente sábia, guerreira
A terra do Marabaixo
Cujo batuque encanta e une
Ela cresceu aqui, correndo com os pés descalços
A singeleza e inconsequência de uma nativa criança
Pouco ou nada preocupada com o seu crescimento e os inevitáveis percalços
Não precisava de muito
Só de enxergá-lo conseguia entender
Seus olhos refletiam tamanha confiança e esperança
De quem sabia o que fazer
Ele, assim como um mestre, a ensinou a ter apreço pela simplicidade
E sem dizer uma palavra
Ia e vinha, deixando saudade
A ensinou a respeitar o que tanto amava
E era lá, onde morava
Cada vento que em seu rosto tocava
Sentia-se mais perto
O seu coração ele alcançava
Da forma mais genuína
Sem saber ao certo
O que o futuro lhe reservava
Ela cresceu aqui,
Na cidade cortada pela linha do equador
Acordando cedo
Ouvindo o bem-te-vi e o seu canto de amor
Abrigada por um céu que alenta
Que para longe manda o medo
Traz paz, a orienta
Sempre que pode sai de casa no fim da tarde
Ansiosa pelo pôr-do-sol alaranjado, cor-de-rosa
Refletindo no rio, obra de arte
Crianças correm às margens dele
Que é tela para o sol pintar
Casais e pedidos apaixonados
Os ribeirinhos que acenam
Sons de pescadores com seus catraios
Que de lá se sustentam
Hoje, criança já não é mais
Seu encanto por ele nada mudou
Vez ou outra volta lá
Contando-lhe tudo que desempenhou
Seus segredos continuam guardados
Naquele lugar que porto seguro considerou
Seus sonhos continuam intactos
Alimentados por ele
Que só de existir
A inspirou...
Ele, o Amazonas.