Poesia

Filme de Carlito

Hoje acordei
e vi tudo em preto e branco
parecia a era de ouro
de Carlito

totalmente avulso do mundo
os objetos pareciam
simplesmente fotografias
forcei-me a colorir
mentalmente tudo novamente
e até o amor fincou no cinza

Tentei ouvir aquarela
e de nada adiantou
então corri pra fora de casa
Desesperado
e até as primaveras
desbotaram
Corri até a sua casa
lhe contei tudo
contei sobre o mundo
e sobre as histórias infantis
que li pra colorir

mas não acertava o tom
pintei um cisne branco de verde
e fiz absurdo da grama e do céu
E você ria sem parar
então lhe contei mais
Não pude deixar de notar
que seus lábios eram vermelhos


nem toda cor do mundo sumiu
nem a de seus olhos castanhos
e de seus cabelos claros
me vi indefeso e santo
não tinha medo
dos dias cinzas mais
fazia recortes mentais e transformava
em quadrinhos de jornais

Contei até sobre o meu futuro
como agora seria viver num mundo
em preto e branco
e atuei bobamente pra lhe fazer graça
E os dias não me pareciam mais cinzas
ou nunca realmente foram filmes do Carlito
mas corri como se quisesse apenas correr
até a sua casa

Não é o Muka Não é o Muka Autor
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