Poesia

SECA

SECA

Oito meses sem uma só gota de chuva.
A seca de um ano se casou com a do outro.
O cansaço da esperança enfraqueceu o nordestino.
No principio era o clima do semiárido,
Agora é o árido da mudança do clima.
O gado com fome morreu de sede,
A mandioca desidratada viu o milho virar pipoca.
A calamidade foi lida no Diário Oficial.
A ajuda se viu perdida nos corredores do Esplanada,
E o burocrata frio no ar condicionado,
Com cheiro de café no sorriso indiferente,
Decidiu atender ao SOS do Titanic dos excluídos
Que navegava nas areias da tragédia,
E mandou as providências na pressa da preguiça,
Com a aprovação solidária dos urubus e carcarás.

Obra registrada no EDA.

João Freitas Filho João Freitas Filho Autor
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