Poesia

Os Brados da Arrogância São Eternos*

Os Brados da Arrogância São Eternos*

"A terra provê o bastante para satisfazer a necessidade de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." - Gandhi
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A arrogância é eterna; como eternos serão os homens em luta pelos seus ternos de poder! O tempo apenas muda a forma da mutilação da alma se manifestar. Na engrenagem do livre arbítrio, entre cachos e capachos, a luta entre treva e luz perpetuar-se-á com a dura metamorfose da corrupção anímica; antiga aprendizagem humana sem uma forma ainda definida; sem cores, ainda contornando as arestas de luz; sem específicos odores, ainda acalentando os desalentos de homens na perda...! É a antiga sina, é o antigo fardo, é o mesmo brado aos desavisados de prontidão: nenhum homem pisará nas folhas da compaixão sem antes manipular o gatilho da ingratidão: caminho de antiga e nova aprendizagem! Todo sentimento se manifesta como uma flor em exaltação; flores com cheiros de alma em evolução, odores de ausência da razão, pétalas de passageira ilusão... Muitas flores, diversos odores, muitas verdades, poucas pétalas de perfeita concisão!

De que valem as flores mortas sem a aprendizagem da putrefação; de que vale a solidão da alma em meio à multidão; de que vale o sorriso de anjos rebeldes sem a volta aos cantos de meditação; de que vale a maquiagem nas faces da enganação; de que vale a abundância da ganância alardeada pelas facetas da ditadura da negação...?

Enfim, de que vale a noite em claro adornada pelo peso dos sentimentos da arrogância e da ingratidão?

Profetas ditadores da verdade, ainda não nos mostraram o vale da ressurreição! O fardo do pecado continua sendo o peso da venda da salvação. Alternam-se os profetas, revestem-se de ouro as palavras de redenção... Mas, e de que vale nossa humildade cabisbaixa ante ao altar da enganação? Chamam-nos a segui-los: donos da verdade sempre de prontidão. Olho suas vastas vestes emplumadas de conceitos de boa vontade e farta oração; garboso pavão! Plumagem ostentada sobre o desprezo de quem pensa menosprezar o chão. Ao menor ruído de contestação, esvai-se o belo, contrai-se o terno, não perdura a garbosidade de ocasião. Na ausência da verdade, ainda revoam os céus os pássaros tristes que vivem do grão desprezado pelos homens e não ostentam as plumagens de ocasião.

Homens e títulos, junção sem a humildade da alma; alma sem atritos, abraço sem desprezo e calma! O eterno embate entre o útil e o inútil: o confronto entre o bem e o mal não escolhe faces para suas subjugações; depois da conquista, utiliza-se das maquiagens de ocasião.
A arrogância muda suas vestes, muda suas maquiagens ansiosas de conquista; muda sua conduta supérflua e se camufla nos altares ansiosos de brilho fugaz. Os altares são frutos de homens, homens sedentos de poder! Entre a prece e o símbolo da luz, a escuridão da alma não consegue se camuflar; é alma perdida entre os confrontos da luminosidade tênue da verdade e o clarão assustador que ofusca imberbes e falsos doutores. Títulos de ostentação da arrogância passageira que não vai além das arestas das dores caseiras; o mundo é uma vasta planície de dores necessitando de olhares atentos sobre nuances dos dissabores de almas humanas.

O uso supérfluo da abundância é o falso prazer de quem tenta menosprezar, manipular e ofuscar o discernimento que provém da luz da alma que busca o teto da mínima necessidade, fugindo da arrogância e adormecendo com a humildade; necessária a todos os homens.

Hoje, ainda adormeço em pecado sonhando sobre a ponte que conduz ao ouro e a desilusão!

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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