Poesia

Cortejo

Cortejo

“Passam e desfilam, como nas feiras / De si mesmo envaidecidos /São tantos nas suas fileiras /Multidões que enchem as ruas.” (N. Afonso, in Cortejo de Derrota)

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Nas ruas não me vejo mais em novos sorrisos,
Já há rugas enrijecendo pálpebras;
Mas não me atrapalham (vi)ver.

Antigos sorrisos foram se resguardando
Nas páginas jogadas de antigos panfletos
Que esmaeceram amarelados sobre os asfaltos
Consumidos pelos roncos de novos motores.

Ainda vejo leio linhas quase mortas
Sob sombras tênues de antigas derrotas
De quem segue sombrio ao se enrijecer.

Neste cortejo ante telas virtuais
Não mais se renovam antigas faces;
É apenas o tempo dando tempo às horas
Enquanto segue o cortejo de antigos versos.

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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