Poesia

Não-se-pode (Num-se-pode)

Não-se-pode (Num-se-pode)

ilustração: Rafael Nolêto

Não se pode! Não se pode!
Não se pode duvidar
Da Miota* que vagava
Pelas noites a fumar

Vestida de branco,
De saia e tamanco
Passeava em Teresina
Altas horas da matina*

Roupa furada, pele imunda
É alma penada de olheira profunda
Com a Miota ninguém pode
Nem humano, nem capote

Se ela pedir um cigarro
Desconfie sem receio
Faça o sinal da cruz
E saia logo do meio

Quem dá o que ela pede
Vê uma aparição de porte
Que mais de três metros mede
E acende o fumo no alto do poste

A marmota de olhar triste
Depois de se esticar
Vai declamando uma frase
Que repete sem parar

Não se pode! Não se pode!
Isso é assombração
Sai soltando baforadas
Xexelentas* feito o cão

Seu sumiço repentino
Serve pra confirmação
De que a mulher gigante
É mesmo uma assombração.

Rafael Nolêto Rafael Nolêto Autor
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