Poesia

Cabaré dos Mortos

Cabaré dos Mortos

Inapropriado para menores de 18 anos.
Poema de conscientização contra gonorréia e doenças sexualmente transmissíveis.

Sei que posso parecer
Imoral e meio grosso
Mas tô a fim de escrever
Sobre esse caso escabroso
De um lugar, pra conhecer
E ver como é assombroso

Se você é um daqueles
Que gosta de farrear
Escute bem essa história
Que agora vou narrar
De criaturas e seres
Almas tontas a penar

Vou contar para vocês
A história de um cabaré
Um lugar bem diferente
Cujo dono era o Zezé
Tinha moça nova e “veia”
Pra dançar arrastar pé

Nesse velho lugar, tinha
Muita coisa indecente
Homem tarado que vinha
Rumo à mulher saliente
Tinha velha e novinha
Com o tabaco ardente

As raparigas vaidosas,
Futricavam calmamente
Arrumadas e formosas
Davam até pra parente
Depois de puxarem prosas
Botavam peito pra frente

A quenga chefe, Betina
Tinha o cabelo longo
O pé, sempre com botina
Leque contra pernilongo
Tinha cliente da China
Da Europa e até do Congo

Escondia o seu corpinho
Por detrás de uma cortina
Pois morava um diabinho,
Dentro da sua vagina
A catinga de um soinho
Como tu nem imagina

Pra pagar a quenga chefe
Só se aceitava cheque
Pra pagar as "quenga pobre"
Qualquer moeda de cobre
Com o povo de pileque
Safadeza ali se encobre

Betina vivia doente,
Sofria com a gonorreia
Sua vagina indecente
Já estava muito "véa"
Enganava toda a gente
Dizendo: - É minha estreia!

Além de ser maltratado,
Era sujo o seu tabaco
Raramente era lavado
Catingoso igual macaco
Era feio e engelhado
Cheiro podi, nada fraco

O priquito de Betina
Já estava corroído
Doença da cafetina
Matou até seu marido
Que cheirou sua vagina
E morreu, doido varrido

Betina era malvada
Passou a praga pra frente
Com sua precheca assada
Matou um montão de gente
Velha puta depravada
Nem sequer remorço sente

A tal doença maldita
Se tornou um caso sério
Quem ia pro Cabaré
Cometer seu adultério
Deitava com a tal mulher
Parava no cemitério

O lugar, já assombrado
Com tanta gente morrendo
Todo mundo amedrontado
Com tanto grito agourento
Do "isprito" endiabrado
E esposo, morto, sofrendo

Para cada alma torta
Que chegava a sucumbir
Betina, pouco se importa
Era uma carniça, ali
Pau da clientela, corta
E começava a sorrir

Cada um que ia morrendo
Aumentava o comentário
Tanta alma aparecendo.
E era triste o cenário
Para quem não tava vendo
O mundo além, ao contrário

Na verdade, os fantasmas
Estavam se divertindo
Entre sombras e miasmas
Novo cabaré surgindo
Pessoas ficaram pasmas
Almas ficaram sorrindo

Quando Betina morreu
Os mortos se agitaram
Pois o Cabaré cresceu
E todos comemoraram
Ao inferno, ela desceu
Com o marido salafrário

Velho Cabaré dos Mortos
Tem de volta, a comandante
Quem morreu, com gonorréia,
Foi pra lá naquele instante
E então, foi a estreia
Festa e caveira dançante

Nenhum vivo, nesta terra
Visitou mais o local
Como um cenário de guerra,
Não restou tabaco ou pau
Betina, com todos ferra
Com o seu povo do umbral

Mesmo depois de morrer,
Betina não sossegou
Continua a aparecer
No lugar onde habitou
Fez, da maldade, o prazer
Com o priquito, torturou.

Fantasmas e assombrações
Fazem festa no lugar
Comandados por Betina,
Se preparam pra assustar
É tanta carnificina
Melhor nem imaginar!

Em noites de lua cheia
Muitos ouvem gargalhadas
Dizem que é do cabaré
O som das almas penadas.
São gemidos de mulher
Por homens, sendo gozadas

Hoje, ninguém sabe, ao certo
Se essa história é verdade
Mas o caso é bem antigo,
Dizem, os de mais idade
Eu mesmo não quero abrigo
Neste ponto da cidade

Dos mais jovens, todos sabem,
Alguns custam pra aceitar
Mais nenhum marmanjo ainda,
Se atreveu a comprovar
Morrem de medo das almas
Que assombram tal lugar

Hoje, com a modernidade
Não existe mais descrença
Todo mundo já conhece
Os perigos da doença
A prevenção, não esquece!
Isso faz a diferença

Não insista em arriscar
Procurando safadeza
Um problema de assombrar
Você terá, com certeza
Pegará uma doença
No cu, piroca ou cabeça

Pra você, quando morrer
Não morar com a tal Betina
Se proteja e cuide bem
Do seu pinto ou sua vagina
Na hora do vai e vem
É definida sua sina

Se você quer evitar,
Pegar essa maldição
Se previna com essa estória
Maluca, mas com lição
Lembre do que eu disse aqui
Fuja dessa atentação.

Rafael Nolêto Rafael Nolêto Autor
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