Poesia

CUMPLICIDADE

CUMPLICIDADE

Nas brincadeiras de outrora
Nas gargalhadas na rua
Com o olhar de toda hora
A brilhar na face tua.

Nos banhos de tanta chuva
Nas disputas do quintal
Nos desafios incessantes
Na água da boca, total.

Nos nossos abraços e beijos
Nas pedrinhas lá na calçada
Nas peraltices e traquinagens
Olhava-te, sempre, admirada.

Quão astuta cumplicidade
Que nos fazia correr desvairadas
Sorrir e chorar com murmúrios
De cair no chão, extasiadas.

Era um sonho todo dia
Vivendo na infância, as artes
E toda noite, muita alegria
Era o nosso baluarte.

Aborrecer-te era muito fácil
Sem um algo repentino
E seus olhos de forma ágil
Aguçavam o cristalino.

Então eu te falo de novo
Vivi e aprendi a te amar mais
Entender-te, aceitar-te
A cada dia bem sagaz.

Dentro de mim, em meu viver
Corro ainda aos teus braços
Sinto falta de você
E de todos os nossos laços.

Saudade de ti, “Nanana”
E de fugir da nossa coça
De ser feliz e mais nada
Ao voltarmos da nossa roça.

Do nosso “louro” ciumento
Que acuado muito ficava
E batia asas, feito o vento
Mas só comigo ele brincava.

E do elástico, das pedrinhas
Da bruxa solta, ai que horror!
Dos sofás de caixa de linhas
E do anel que andou, andou.

É assim, maninha, que te vejo
Linda, branca, especial
Insubstituível, eu te beijo
Amar-te é incondicional.

Mais que antes, hoje e amanhã
Amo-te e ainda ousaria
Eternizar-te em meu divã
Para contar-te, sempre um dia.

Num eterno mundano, talvez
Tornar-te só minha, então
E minha cúmplice, de uma vez
E guardar-te pura no coração.

Das rodas nas brincadeiras
E do ar livre do nosso teatro
Éramos o elenco principal,
Do nosso cajueiro consolador
Dos nossos versos e prosas
De nossa vida, imortal.

Adriana F Farias Adriana F Farias Autor
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